terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Privada

Esse é o maior problema da vida
São as fases em que ela nos insere
Existe uma em que muitos se fincam
E é possivelmente a mais constrangedora
É aquele momento em que você odeia todo o entorno formal
Se vê nostálgico todos os dias
Contudo não suporta a tolice juvenil
Você apenas existe
Não como um adolescente revoltado
Mas como um adulto frustrado
É como se a vida fosse uma grande privada recém usada
E você é aquele excremento que teima em não descer

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Luiza

Me fez largar até o meu time
Nem lembro do rosto dos meus amigos
Luiza, nossa vizinha, nunca mais me viu
Mas todas as noites ainda a vejo sonhando comigo

domingo, 12 de dezembro de 2010

Aqui

Por que volta
Se no auge de tudo você se foi?
Minha vida foi dura e cruel
Mas foi minha vida
Foi angustiante e presa
Mas não deixou de ser vida
Feliz aqui perto
Feliz longe
E ainda está feliz voltando?
Não dá pra confiar em alguém que está sempre feliz
Volte um pouco mais triste

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Morte

Hoje estou morto
Aos vinte adoeci, aos vinte e cinco morri
Se amanhã estiver vivo, que diferença faz?
Hoje morri
Aos vinte adoeci
Desde então, até hoje ainda morro

Orelha

Hummm, mas que sensação boa, acordando de um sono longo, com o corpo e a mente dizendo que você realmente está pronto para mais um dia...opa, espere, você dormiu em cima da sua orelha dobrada.

Que péssimo começo de dia.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Triste

Sou de fácil agrado
Com pouco fico feliz
Com menos ainda, triste

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Prece

Se pra estar vivo preciso sentir isso
Que me vele
E deixe minhas cinzas em uma vala qualquer
Para que meus poucos amigos me recebam de volta
Me deixando voltar a inexistir
Pra felicidade me tocar
Felicidade diferente é judiação em mim

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Me Cale

De ti tenho medo até a distância
Mas se com as belas sempre me incedeio
Pensei que você não fosse me causar aflição

Mas de você eu tenho medo
E não ouso nem sentir calor
Nesse morno estar eu prefiro sempre
Se é pra um dia poder ouvir um "não" de ti
Eu me calo, eu me finjo estático
Eu rio e debocho do que sinto

E pra mim, sua beleza continuará imaculada
E meu coração triste por te conservar a distância
Sendo feliz por imaginar que no dia em que me vir forte
Talvez um belo dia, um dia de chuva
Talvez você nem diga um "não"
Talvez vire e pense "não"
E entorpecido pela sua beleza eu imagine que seria um "sim"

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O Egoísta

Tinha na sua frente estampado um rosto doído
Uma alma cheia de punhaladas
Um coração apodrecendo
Um orgulho que saia intacto

Ofereça um grão de atenção e compaixão

Ou enxergue apenas o que ela quer mostrar
Beije sua face com o carinho costumeiro
Vire, vá embora e foque nos seus problemas

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A Adolescente

Percebe o que acontece do lado de fora
As mesmas pessoas passam por ali
As mesmas que ontem você não queria
Hoje é outro dia de mesmas vontades
As mesmas que você já tem há algum tempo
A mesma angústia de saber que não precisa ser forte
Sendo forte, deveria te fazer correr
Mas você senta e repousa sua vontade
E seus cabelos já caem e teu fôlego se esvai
E teus sonhos agora são aflições
E o relógio corre pra você
Pra ela começou a andar agora
Ela é o que você não viveu
Ela é o que você sonha toda noite
Será o seu sonho derradeiro

domingo, 6 de junho de 2010

Uruguaia


Já havia fumado meia carteira de cigarro. Ao seu redor, um ventilador rodando e inibindo o calor, uma tv ligada sem som, algum tango tocava numa rádio, enquanto se concentrava.
Tentava reproduzir em palavras o que sentia pela uruguaia que tinha conhecido.

Uma loira de rosto magnífico, corpo magro mas com algumas belas curvas.

Tudo que tinha em mente era que deveria escrever algo, que fosse a coisa mais linda já produzida por ele, em qualquer aspecto.

Para escrever algo que fizesse jus à uruguaia, deveria entender algumas coisas sobre o amor.

O inexplicável seria perfeito para mostrar o que sentiu.

Por ser inexplicável, fechou o caderno, desligou o rádio e foi deitar um pouco.


segunda-feira, 10 de maio de 2010

Telefone

-É melhor você ficar em silêncio.
-Eu sei, mas é bem doloroso.
-Acredite, será bem mais doloroso se você falar.
-Não sei porque ainda falamos disso...nunca teria coragem mesmo.
-Só estou aqui para não te deixar cometer um erro.
-Pra você é sempre mais fácil.
-Não disse que não era, mas estamos falando de você, não de mim.

Edvaldo caminha em direção da cozinha.

-E se ela sente o mesmo?
-Se ela sentir o mesmo, não vai dizer...no mínimo vai fingir que nunca pensou nisso, mesmo sendo mentira.
-Eu ligo pra ela como quem não quer nada, deixo ela dizer o que sente, sem nem saber o que sinto.
-Não seja estúpido. Por que você acha que mulheres são tão cheirosas e macias?
-Por que?
-Pra compensar a maldade que existe dentro delas, a necessidade de ser desejada pra depois poder esnobar, essas coisas.
-Você está exagerando.
-Se você quer tentar, vai em frente.
-Vou sim. Antes nem pensei em ligar mesmo, tava só desabafando, mas toda essa besteira me deu coragem, nunca ouvi tanta merda junta.

Edvaldo pega o telefone, logo após o desliga.

-Chamou e não atendeu, depois eu ligo de novo.

Nunca mais ligou.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Tudo é Tão Pouco

Tudo que lhe completava
Tudo estava por um fio
O que queria era tão pouco que quase não havia mais
Era tão simples e sem gostos
Tão firme em seu ideal de ser flexível e cômodo
Tão revolucionário em busca da existência inexistente
Empunhava uma arma para mostrar que era contra as guerras
Orava e dormia
E acordava esquecido
Dormia um pouco mais e acordava lembrando
E todos os dias, tudo que lhe maltratava o corpo lhe fazia bem a alma
Pra não existir fez esforços múltiplos
E por não querer existir, simplesmente cansou e se foi
E hoje ainda existe bem pouco
Mas por bem pouco tempo
Mais dois meses e seu investimento na própria inexistência dará resultado
As pessoas se encantam pela tragédia...até surgir uma mais nova.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Noivado

Tecnicamente já era um outro dia
Passava da meia noite e em nenhum dos dois o sono vinha
Na manhã seguinte haveria uma reunião de família
Eles pretendiam anunciar a data do casamento
Não fazia sentido algum naquilo
Há 5 anos já repousavam na mesma cama
Há 3 anos já não sentiam a empolgação de outrora
A paixão tinha ido e eles nem lembravam quando tinha sido
Ele se perguntou durante toda a semana o motivo daquilo
O sexo já era bem comum
Se sentia mais excitado quando os dois bebiam
Ver a mulher sem tanto pudor o deixava louco
Mas a mulher bebia de acordo com a lua
Era muito raro
Nunca traiu, apesar de desejar pelo menos 3 mulheres por dia
Ela já se sentia segura com ele
Proteção é o que mais queria
Ela era a pessoa mais inteligente da sua turma de faculdade
A mais inteligente de qualquer grupo em que estivesse inserida
Teoricamente não dependeria de ninguém pra nada
Mas era dependente dele
Também se sentia atraída por outras pessoas
Mas em nenhum momento chegava a se imaginar tocando a outra pessoa
Era o perfeito retrato do casal médio
Combinavam intelectualmente
Conversavam horas e mais horas e nunca se cansavam
Não dessa vez
Pareciam um pouco aflitos numa noite sem sexo e sem conversas
Iam oficializar o que já acontecia há algum tempo
Mas nada ia mudar e esse era o medo
As vezes, a melhor forma de arruinar algo é tentar evoluir.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Ciclo

Participa de tudo
Parte-se de lá
Ouve-se, sendo regido
Fala-se e parte-se
Ama-se devagar
Rápido também
Seguem-se as leis
Quebram-nas se convém
Namora-se sério
Trai-se escondido
Compram-se flores
Arrepende-se e repete
Sofre-se e chora
Perdoa-se, mesmo destruída
Ama-se novamente
Como se tivesse deixado
Magoada se olha no espelho
Crente, segue

domingo, 17 de janeiro de 2010

Deus e o Haiti

e Deus disse:

"Haiti? Vou sacanear mais um pouquinho."

Glasnost

-Você não pode ter um blog, e a última postagem dele ser relacionada ao futebol.
-Por que não?
-Porque futebol é tão popular e o popular é tão cafona.
-Então devo escrever sobre o que?
-Pode ser pós-modernismo, algum fato histórico, qualquer coisa que não seja futebol.
-Glasnost carrega um artigo feminino ou masculino.
-Não faço idéia.